segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Jantar a meia luz

 

To aqui de pijama de bolinha, sem saber o que postar no blog, com um cup noodles na minha frente. Me acompanham computador, laura., Philips.on e -lucas vinci. De fundo toca Buena Vista Social Clube. Agora estão todos quietos e o cup noodles não quer esfriar.

Por um momento me pego pensando... Como a vida é estranha. Por que certos fatos e experiências são necessárias? Por que é difícil segurar aquele momento de tensão? Por que choramos tanto? E por que rimos mais ainda?  Mas o mais estranho da vida é a capacidade que temos de pensar, raciocinar.  Isso não deveria ser possível e então seríamos todos como verdadeiros animais...

De repente sinto a fumaça do cup noodles passar diante dos meus olhos e desperto como que de um sonho pesado.

Agora meus convidados já estão conversando. Espero que gostem do jantar a meia luz. Espera! Acho que estão falando da comida!

Philips.on diz (21:50): era uma coisa mais crua

laura. diz (21:28): huahuahua MUITO BOM!!

-lucas vinci diz (21:42): eu axo q vc nao tem cara de qm seja boa na cozinha :S ahhaa

Realmente, pensei comigo mesma, quem faz um jantar a luz de velas com cup noodles?

O que importa? Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena, já dizia Fernando Pessoa.

E pra terminar esse jantar, fica aí uma boa música.

Tchau, deixa que eu abro a porta. Se não vocês não voltam, né?

 

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Metáfora do fim.

Homem no mar

De minha varanda vejo, entre árvores e telhado, o mar. Não há ninguém na praia, que resplende ao sol. (...)

Mas percebo um movimento em um ponto do mar; é um homem nadando.  (...)

Ele usa os músculos com uma calma energia; avança. Certamente não suspeita de que um desconhecido o vê e o admira porque ele está nadando na praia deserta. Não sei de onde vem essa admiração, mas encontro nesse homem uma nobreza calma, sinto-me solidário com ele, acompanho o seu esforço solidário como se ele estivesse cumprindo uma bela missão.

Já nadou em minha presença uns trezentos metros; antes, não sei; duas vezes o perdi de vista, quando ele passou atrás das árvores, mas esperei com toda confiança que reaparecesse sua cabeça, e o movimento alternado de seus braços.  Mais uns ciquenta metros, e o perderei de vista, pois um telhado o esconderá.

Que ele nade bem esses cinquenta ou sessenta metros; isto me parece importante; é preciso que conserve a mesma batida de sua braçada, e que eu o veja desaparecer assim como o vi aparecer... Será perfeito; a imagem desse homem me faz bem.

É apenas a imagem de um homem, e eu não poderia saber sua idade, nem sua cor, nem os traços de sua cara. Estou solidário com ele, e espero que ele esteja comigo.

Que ele atinja o telhado, e então eu poderei sair da varanda tranqüilo pensando - "vi um homem sozinho, nadando no mar; quando o vi ele já estava nadando; acompanhei-o com atenção durante todo o tempo, e testemunho que ele nadou sempre com firmeza e correção; (...)

Agora não sou mais responsável por ele; cumpri o meu dever, e ele cumpriu o seu. Admiro-o. Não consigo saber em que reside, para mim, a grandeza de sua tarefa; (...)

Não desço para ir esperá-lo na praia e lhe apertar a mão; mas dou meu silencioso apoio, minha atenção e minha estima a esse desconhecido, a esse nobre animal, a esse homem, a esse correto irmão.

Crônica de Rubem Braga.

Related Posts with Thumbnails

wibiya widget