quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Coincidências e acasos.


Sobre a data de hoje
Fim de ano.
Bla bla blas sobre o Natal.
Nenhuma consideração polêmica sobre isso.
Preguiça.

Sobre o copo de vinho
Um sentimento estranho desce em mim. Vejo fotos antigas. Antigas de meses atrás.
As fotos, a música. Tudo faz sentido por um instante.
Tomo um gole de vinho branco e bem gelado.
Observo as fotografias. As procuro no meu acervo digital. Encontro. Olho a data, vejo informações sobre o foco e a abertura em que foram fotografadas. Dou dois goles de vinho. Espremo os olhos fixamente nas imagens. Analiso...

Sobre a minha indignação
Que merda de arte é essa?

Sobre a merda da arte
Acho as fotos horríveis e então começo a adorá-las. São lindas. Ninguém precisa achar nada. Eu acho e me é suficiente.
Não foram milimetricamente pensadas. Não tem conceitulismos, nem manifestações, nem nada de enquadramento, nem de luz.

Sobre como tirei as fotos
Era outono ou inverno. Não sei. Passeava de carro por essas estradas estaduais. Gastava meu dinheiro em pedágios. Mas o céu estava azul de doer e provavelmente tocava Eric Clapton com B. B. King. Acho que estava no outono, não estava tão frio. Mas isso é relativo.
Avistei um balão; uma nota musical num fio elétrico; avistei o pôr do sol.
Avistei ainda espíritos, luzes, cores, sons. Estava além da grama verde e das árvores.
Fotografei tudo. De 80 à 110km/h.

Sobre agora
É madrugada na cidade que não dorme. Se a cidade que não dorme fosse realmente a cidade que não dorme não existira madrugada. Mas isso depende do seu conceito de madrugada.
O meu muda de dia pra dia.
A frase anterior se afirma porque hoje acordei achando que a madrugada fosse servir para dormir. Mas acabou virando uma madruga pra ser uma pessoa inútil na frente do computador. E funcionou...

Sobre como minha inutilidade funcionou
Tomei um copo de vinho, transcendi ouvindo The Doors, analisei minhas fotos e aprendi a gostar delas.

Agora volto a odiá-las.















Obs.: A qualidade não ficou muito boa quando postei aqui no blog. Para ver melhor, postarei uma por uma no meu fotolog.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Assim é fácil. Mas é assim que eu vou fazer.

Entendo que seja muito simples criar um blog e simplesmente postar poesias dos outros, mas é isso que vou fazer hoje.

Ultimamente não tenho me encorajado pra sentar na frente desse computador e gastar algum tempinho digitando algo bom. Inspirações não faltam, mas odeio admitir que a preguiça é maior.

Minhas horas de ócio criativo (ou não) diminuíram. Sempre cheia de coisas a fazer: tarefas do lar, estudos, visitas, festas e por aí vai.

Mas hoje, coincidentemente lendo O Suicídio de Durkheim, me aparece em meu quarto uma alma com um olhar perdido. Para ajudar a pobre alma, peguei entre tantos livros, o livro do Drummond, Sentimento do Mundo.  Abri em um poema que gosto e a alma então o recitou.

Fiquei com vontade de rir o tempo todo. Um sorriso de canto, daqueles de quem acha graça por ser irônico, por ser algo fantástico e totalmente maluco. Esse Drummond sabe mesmo das coisas. 

Então, agora a noite me vi correndo na grama. Tão verde. E vai ficando mais verde enquanto o sol surge. As nunvens são poucas, mas bem gordas, densas e brancas. A brisa que bate no rosto é indescritível. Sinto vontade de abraçar o mundo mas não consigo.

De repente desperto com a Miu (minha gata) miando sem parar em direção à janela. Quando olho pra fora, um morcego voa rápido pra algum lugar e eu volto pra realidade.

Quantos mundos realmente existem? São mesmo mundos? Ou a idéia de mundo foi estupidamente criada por nós? Será que existe O Mundo? Ou as coisas são simplesmente partes de um todo sem que esse todo seja necessariamente um mundo?

De nada sei. Mas uma coisa existe. Um pôr do sol amarelado, rosa e laranja. Azul e branco e cinza. Existe. Isso eu vi. E se não pudesse ver, eu saberia que aquele pôr do sol estava lá, se escondendo no horizonte. Esse pôr do sol sempre estará lá. E é ele que vou seguir até encontrar o horizonte e descobrir que depois do horizonte há muitos “mundos” a serem descobertos.

MUNDO GRANDE

de Carlos Drummond deAndrade

Outrora escutei os anjos,

as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.

Nunca escutei voz de gente.

Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei

países imaginários, fáceis de habitar,

ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

 

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