Minha temporada de férias em Ubatuba resultou em nada mais, nada menos que chuva! Certamente não é a atração mais esperada de lá mas todos sabem que vão vê-la. Os banhos de mar foram poucos, menos ainda os de sol. Mas, para a minha surpresa, minha viagem foi totalmente aproveitável!
Como na maioria dos dias, a chuva era bem fininha e não atrapalhava muito nas saídas de carro. E foi assim que começou a jornada. Surgiu a sugestão de conhecer Praia da Almada com esperança do sol sair. E fomos.
Pela rodovia Rio-Santos, próximo da divisa São Paulo-Rio, mais ou menos no km 12, ao sair da rodovia, pegamos a estrada da Almada. Cheia de curvas acentuadas, descíamos e subíamos pela trilha com direito a barrancos imensos que nos mostravam vista para o mar.
Com o tempo daquele jeito, o clima era assustador! Para receber turistas, um totem feito de sucata logo no ínicio da estradinha sorria sarcasticamente dando boas vindas.
Depois de mais ou menos 4 km naquela estradinha, chegamos, finalmente, na praia da Almada. Para mim, exclusivamente naquele dia, estava mais para desalmada.
O clima da vila de pescadores era tranquilo e... molhado. Descemos do carro. Certamente, pensei eu, a praia, mesmo chuvosa é agradável, mas...
O tempo chuvoso e o vento forte desanimaram meus companheiros de viagem e eu. Os meninos do quiosque foram totalmente simpáticos, mas... decidimos não ficar ali. O mais engraçado é que a medida que íamos voltando as pessoas iam chegando. Só faltava o sol sair!
Voltamos para a rodovia principal naquela animação: e agora? Vamos voltar pra casa? Então decidimos ir até Paraty, já que estávamos bem próximos. No meio da estrada, e ainda naquela animação, vimos uma placa interessante.
Não custava nada conhecer a tal da Cahoeira de Escada e a chuva tinha cessado. Foi uma surpresa! A água vem lá do alto e com muita força corre pelos degraus da encosta abaixo. Uma estátua se exibe numa pedra enquanto os vistantes vão de um lado a outro da cachoeira através de uma pequena ponte, balançando suas câmeras digitais.
Como parte do Parque Estadual da Serra do Mar, a cachoeira recebe apoio do Núcleo Picinguaba, órgão que ajuda a manter as belezas naturais da região de Picinguaba, que fica na divisa São Paulo-Rio.
Na beira da cahoeira, há uma rústica lanchonete em que o proprietário, junto com sua mulher e seu filho, preparam maravilhosos lanches de lingüiça. A paisagem ficou gravada na minha memória como surreal: a cachoeira ao fundo, agressiva, barulhenta, banhando sua estátua assustadora em contraste com aquela pequena lanchonete e umas poucas mesinhas de plástico.
A fumaça que vinha da chapa de sanduíches deixava o lugar com aspecto misterioso. Quando a fumaça se dissipou, ao fundo da lanchonete avistei uma placa e li: "Aqui reúnem-se caçadores, pescadores e outros mentirosos." Arregalei os olhos. Depois fitei o proprietário que, naquele momento, esquentava as lingüiças. De relance, fitei a estátua misteriosa. Então, para afastar o ar sombrio daquele dia, fui até o balcão e pedi um sanduíche!
Um sanduíche maravilhoso! Ele prensa o pão com queijo e com a lingüiça com uma chapa de ferro e tudo fica delicioso. E a lingüiça é de qualidade, daquelas que você sabe que só pode ter vindo de um cultura caseira. Depois do sanduíche, um bom gole de café esquetado a lenha completou a refeição. Ao sair, me virei e só então reparei na placa.
De barriga cheia e hipnotizados por tanta água, entramos no carro. Começou a garoar, como se São Pedro tivesse cronometrado nosso passeio fora do carro. Pegamos a estrada rumo a Paraty e seguimos viagem...