quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Carnaval para ouvidos agradecidos... ou não.

Ouvidos agradecidos

“Não ao desperdício! Não ao desperdício!” É o que brada uma das faixas do álbum Zona e Progresso de Pedro Luís e a Parede, de 2001. Com um som que mistura samba, batucada e rock, PLAP conquista os ouvidos também com letras inteligentes e poéticas.

Este é o único álbum que ouvi inteiro. Mas no próprio site tem todos os CDs disponíveis pra escutar (infelizmente não dá pra baixar todos). Escutei algumas músicas de outros álbuns e só continuei gostando mais. Eles já gravaram com várias participações especiais como as de Adriana Calcanhoto, Lenine, Ney Matogrosso, entre outros.

http://www.flickr.com/photos/renerotterdam/

Além do mais, eles tem um projeto de percussão muito interessante! É a Oficina Monobloco. Tomando como ponto de partida o samba e seus característicos instrumentos, eles partem para a uma criação ampla de novos sons misturando outros estilos e novos instrumentos e dão oportunidade a novos talentos. No site do projeto é possível ouvir algumas músicas que animam qualquer dia chuvoso quando se está com saudades do carnaval.

Outra produção musical deliciosa de ouvir vem lá de Recife. É a Orquestra Contemporânea de Olinda. Conheci por acaso vasculhando um blog que acompanho -muito bom, por sinal – e logo baixei o CD. Quando ouvi me apaixonei. Com as letras das músicas e o som diferente da orquestra, logo me imagino descendo alguma ladeira de Pernambuco em direção a praia, no horário do pôr do sol e indo pra algum bar com roda de samba, cerveja e bolinho de charque. ;)

Goiana por Fundarpe. http://www.flickr.com/photos/fundarpe/

Aqui em baixo está o clipe da música Ladeira. Bom clipe e boa música!

…ou não.

A banda Parangolé, hoje com um mega sucesso, surgiu em Salvador em 1997. Assim como Plap e Orquestra Contemporânea de Olinda, ela mistura diversos ritmos como samba, axé e pagode.

Carnaval

IMG_0898: 'Monobloco', Fundição Progresso, Rio de Janeiro por cmmorel.   http://www.flickr.com/photos/cmmorel/

No Rio de Janeiro, o Monobloco faz parte do carnaval de rua desde 2001.

Em Recife o Carnaval tem muitas atrações. É por isso que o carnaval lá recebe o nome de Carnaval Multicultural de Recife. Um dos muitos pólos desse carnaval, onde se destaca a Orquestra Contemporânea de Olinda, é o festival RecBeat que recebe diversos artistas de diversas localidades do mundo e que não estão necessariamente relacionados ao som do carnaval. Com certeza, só de ver a programação, esse festival é cheio de novas informações pra quem está de ouvidos abertos para novas experiências musicais. Vale a pena conferir no site do festival mais informações.

RecBeat 2009 - Segundo dia por lumocoletivo. http://www.flickr.com/photos/lumocoletivo/

Mas a sensação do carnaval mesmo, presente em todas as localidades do Brasil e talvez do mundo, foi o hit Rebolation.

(Destaque para o senhor de bermuda amarela.)

Pensando que eu passaria um carnaval longe de sucessos populares, me refugiei em Tiradentes (MG) com mais dois amigos. A cidade é conhecida pelo carnaval tranquilo e tradicional mas achei bem fraco os blocos de rua e suas marchinhas. Foi dada maior atenção ao palco principal, montado no meio da praça do centro da cidade, onde uma banda animada tocava as músicas de maiores sucessos. Com um chifrinho rosa reluzente na cabeça e um copo de frozen vodca na mão, dancei e cantei todos hits do verão.

rebolation trash

Links

MySpace Orquestra Contemporânea de Olinda

Orquestra Contemporânea de Olinda Site Oficial

Batuque Brasileiro

Plap Site Oficial

Projeto Monobloco

MySpace Plap

Rockpolar (aqui está disponível pra baixar o álbum do Plap e muitas outras bandas boas)

Sobre os blocos de rua do carnaval do Rio

Carnaval Multicultural Recife 2010

RecBeat

MySpace RecBeat

Banda Parangolé Site Oficial

http://pt.wikipedia.org/wiki/Parangol%C3%A9 (definição de Rebolation por wikipédia. Hilário!)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Um copo de vinho vazio.

 É noite de sábado quando Analuz entra em profundo estado de morbidez. Seu querido tinha ido viajar e ainda não era hora dele estar de volta.

Vestindo apenas uma camiseta larga, se estira na poltrona com uma xícara de chá uma taça de vinho e liga o som. Começa a tocar automaticamente o último CD que havia escutado. O CD é da grandiosa Ella Fitzgerald interpretando maravilhosamente Imagine My Frustration. Analuz fecha os olhos e vai pra algum lugar bem distante daquela sala, daquela poltrona; Analuz agora medita, numa imensidão paralela.

Acorda, de repente, assustada. Está na mesma posição, na mesma cadeira, o copo de vinho está vazio, o CD acabou. O silêncio toma conta de tudo e que incrível!, já são 2:50 da manhã. Estranho o tempo ter passado tão rápido. Quando Analuz sentou na poltrona era 23:28. Decidiu então, passear pela madrugada.

Vestiu um shorts, prendeu os cabelos compridos, subiu na sua bicicleta e se foi. A madrugada está mais fresca agora do que durante o dia. Alguns cachorros latem, alguns carros passam mas o silêncio é que ganha espaço.

Após ter percorrido pela avenida, Analuz arrisca uma rua vazia de casas bonitas quando, ao longe, avista um carro e duas pessoas entrando nele. Parou e olhou. Achou conhecer as pessoas, mas deixou pra lá e continuou seu passeio.

Neste mesmo carro, como se houvessem mundos paralelos, está o corpo de Analuz, enroscado em outro corpo. É Analuz e um homem. Um homem que ela só vira uma vez, tomando um café na livraria da esquina da avenida. Mas ele nunca a vira; neste dia em que ela o viu, o homem estava tão mergulhado em um livro que se caísse o mundo ele não iria perceber. Mas neste exato momento os dois estão ali, como se a noite estivesse apenas começando.

Mas a mente de Analuz não está ali. A mente de Analuz passeia de bicicleta. A brisa fria bate em seu rosto e ela suavemente fecha os olhos, abre levemente a boca. “Que sensação boa andar de bicicleta e sentir essa brisa da madrugada”, pensa.

Sente, então, uma sensação parecida com a da moça dentro do carro. Se debate contra essa sensação por um instante e depois sorri. Mas logo, abre os olhos, assustada, freando a bicicleta na frente de um carro. O carro buzina e Analuz pedala correndo.

O motivo do susto foi quando se deu conta de que ela é a moça que está dentro do carro! Corre pra rua vazia de casas bonitas pra observar novamente o carro. Mas quando chega lá, não há mais carro. Que estranho…

Atordoada, Analuz volta pra casa. Ao chegar, vê em cima da mesa, uma chave de carro. Ao final do corredor, a luz do banheiro acesa. Reconhece, pelos barulhos que faz, os gestos do seu querido.

Ele a vê e a abraça, lhe entrega flores e ela sorri. Mesmo ele chegando tarde de viagem, ainda lembra de lhe trazer flores. Que gracinha! Mas Analuz sente, por um instante, um sentimento de culpa. Como se o tivesse traído…

Recusa seus beijos e abraços por um momento, mas depois retoma as idéias e se lembra de que não era ela que estava naquele carro com o homem da livraria. Ou pelo menos não era ali que Analuz deveria estar…

Solta os cabelos, tira a roupa. Enche duas taças de vinho. Coloca novamente o CD de Ella. Deixa questões de ética e surrealismos pra lá; se volta para o seu querido, sorri e diz: Pra onde vamos amanhã, querido?

Então ele responde: Vamos dar uma volta de carro?

Analuz desperta. Está na mesma posição, na mesma cadeira, o copo de vinho está vazio, o CD acabou. As roupas estão espalhadas pelo chão e seu querido dorme um sono profundo no sofá. Agora há duas taças de vinho vazias e o sol já está surgindo.  

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