sábado, 1 de novembro de 2008

Momento de transição.

"O que sentimos, não o que é sentido,

É o que temos.

Claro, o inverno triste

Como à sorte o acolhamos.

Haja inverno na terra, não na mente.

E, amor a amor, ou livro a livro, amemos

    Nossa caveira breve."


Ao renascer pela manhã, vi um sol leve e uma brisa fresca bater. Não queria mais nada! Sozinha, coloquei uma Ella Fitzgerald de fundo e tomei meu café da manhã filosófico. 

Pensando nas coisas da vida, me senti tão bem quando pensei sobre como estava me sentindo naquele momento e em como estou me sentindo nesses tempos e concluí que me sinto completa.

A completeza abrange ter paciência e uma mente consciente. E é isso que tenho aprimorado durante uns bons meses. Nessa manhã, ao mentalizar sobre as coisas da vida, percebi que esse aprimoramento está dando certo.

Não que eu tenha me educado pra chegar a isso com esforços evidentes e consideráveis. O resultado veio pela simples vontade verdadeira de mudar meu eu.                                                                                             (E é essa vontade verdadeira que deve motivar as pessoas a fazer qualquer coisa.)

Mudando, pois, eu mesma para uma cônscia mente, poderei contribuir com o mundo, me adaptar melhor ao mundo, compreender mais e assim ajudar as pessoas para que, todos juntos, possamos fazer desse mundo, um mundo melhor. (E isso não é utopia (e nem socialismo)!)

Depois de adentrar-me em tantas camadas da minha (in)consciência, lembrei-me de Alberto Caeiro - sobre não pensar em nada mesmo já pensando. Logo, pensei em Ricardo Reis e nas suas inspirações em cima do Estoicismo e do Espicurismo.

Fui atrás de informações sobre essas doutrinas filosóficas e achei um blog com muitas informações (muitas das quais nem li mas que mesmo assim vale muito a pena ler alguma coisa): http://www.silvino.blog.br/2008/06/epicurismo-e-estoicismo.html

E muito do que sempre pensei já tinha sido pensado a muito, muito tempo atrás pelos barbudos com trajes de lençol.                                                                                           A busca da satisfação pessoal, do prazer pela espiritualidade que é alcançada através do equilíbrio.

O afastar-se das paixões também tem a ver com isso. Entenda paixão como um sentimento ou emoção levados a  um alto grau de intensidade que se sobrepõe à lucidez e à razão.  (Já dizia o grande Aurélio de Holanda!)

Nem sempre é possível afastar-se das paixões. Quase nunca, talvez. Mas estou numa fase de transição e de concentração nas realizações pessoais e por isso preciso de um certo equilíbrio.

Voltando para a poesia, no momento não leio nem Alberto Caeiro nem Álvaro de Campos. O Ricardo Reis aqui é o meio.

O meio que representa, de forma positiva, uma passividade para encarar essa fase de transição. Observo, faço o que tem que fazer, mas não me manifesto. Se for sofrer, fico calada. Se for pra extravasar, tomo cuidado. Se for pra amar, então já amo e isso não se mede quanto à pessoas e coisas. (Não caberia nem mencionar isso.)

Minha hora e minha vez há de chegar mas não agora. Agora é a hora do aprimoramento.


"Quem diz ao dia, dura! e à treva, acaba!

E a si não diz, não digas!

Sentinelas absurdas, vigilamos,

Ínscios dos contendentes.

Uns sobre o frio, outros no ar brando, guardam

O posto e a insciência sua."


"No mundo, só comigo, me deixaram

Os deuses que dispõem.

Não posso contra eles: o que deram

Aceito sem mais nada.

Assim, o trigo baixa ao vento, e, quando

O vento cessa, ergue-se."

Poesias de Ricardo Reis.

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