domingo, 15 de junho de 2008

Olhar por dentro

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Foi a primeira foto que vi dele. Fiquei impressionada!

A princípio não parece existir nada demais, mas veja além. Não sei se foi por acaso mas o clique se deu no momento da bicicleta e tal. Será que é mesmo isso que chamam de sorte? Não sei...

"Em qualquer coisa que faça, deve existir uma relação entre o olho e o coração. Com o olho que está fechado, olha-se para dentro, com o outro que está aberto, olha-se para fora."

Depois dessa, alguém acha que é sorte ou que a coisa vem de dentro mesmo?






Tudo começou quando Henri Cartier-Bresson, ainda pequeno, ganhou uma câmera e ficou impressionado com as imagens.

Aí, foi pra Paris estudar arte. Depois foi à África, depois serviu o exército francês e como era segunda guerra e Adolfinho não perdoava ninguém, é claro que foi parar num campo de prisioneiros. Aí, tal, juntou um monte de caras igualmente fantásticos para montar uma agência, foi contratado por revistas, ficou famoso e tal. Aí, todas essas coisas você pode ler sobre ele no
Wikipedia e no site da Magnum.
Maravilhoso mesmo é o modo como cada elemento de uma fotografia forma todo um contexto onde o tempo pára ou melhor dizendo, onde o clique foi mais rápido que o respirar de um ser humano.




E o que acontecia ali naquele momento não importa a ninguém saber. Simplesmente basta recorrer à sua mente o que ela quiser pensar. O contexto pode ser decifrável como um quadro abstrato: você decide o que se segue.


Bresson dava um pause nas cenas cotidianas. Imagens que, a princípio, parecem normais e que, quando percebidas como um fato único daquele momento vira uma poesia visual.

A sensibilidade aqui, é essencial. E Bresson a possuía tanto que aposto que podia enxergar pelas costas para não perder nenhum movimento.

Uma vez que é perceptível as cores (não no seu caso), as formas, os objetos, a luz e o enquadramento, começa a corrida contra o tempo.

“A gente olha e pensa: Quando aperto? Agora? Agora? Agora? A emoção vai subindo e, de repente, pronto. É como um orgasmo, tem uma hora que explode. Ou temos o instante certo ou o perdemos, e não podemos recomeçar. O desenho é uma meditação, enquanto que a foto é um tiro. Você pode apagar um desenho e fazer outro, você não está lutando contra o tempo. Mas, com a fotografia, há uma espécie de angústia constante, pelo fato de você estar presente em um momento que não mais se repetirá. Mas é uma angústia muito calma”.



Depois dessa explicação que ele deu, não sei mais o que escrever.
Mas aqui tem esses links interessantíssimos que me inspirei para essa postagem, vale a pena ler:


E ouvindo Portishead enquanto digitava, apareceu essa frase nos meus ouvidos.
Algo meio que, digamos, bressoniano.

“Take a ride, take a shot now.” (Portishead)



2 comentários:

  1. A foto da bicicleta é impressionante esteticamente. A curvatura da rua, a curvatura contrária da escada, o pequeno pedaço de visão, o momento movimento - expresso pela bicicleta -, as sombras... enfim. Não é só a bicicleta o que impressiona nesta foto...

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  2. A foto é a emoção capturada e quem consegue senti-la tem o privilégio de olhar com o coração...

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Comentários.

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