domingo, 3 de agosto de 2008

Ah, aquele vento!

Eu estava lá, no ponto de ônibus. Tarde de sábado, sol com muitas nuvens, dia tranqüilo. Qual era o destino? O que eu faria perambulando por aí sem caminho sem ninguém? Não sei, eu vou.

Um vento bom soprava. Soprava a favor de quê? De quem?Soprava a favor de tudo e de todos nós.

Ponto sim, ponto não, o ônibus a remexer pelas indas e vindas das ladeiras, duas crianças e uma mãe (Onde estariam indo? Visitar a vó, talvez?) cantavam Lua de Cristal como se fosse o hino da infância. Desceram logo.

Parada sim, parada não. Dois meninos e um violão. Toquem pra mim! O som da freada. Fecho os olhos, só tenho que esperar meu destino final.Desço, ando. Pra onde? Estou indo.

Me deparo, de repente, com uma singela exposição de um fotógrafo, que até então nunca tinha ouvido falar. Que fotos lindas! Christian Cravo é o nome dele. Lindas!

E agora? Rumo a um banco isolado.

E dessa vez me daparo com uma figura estranha, olhando fixamente pra mim.Vestia um sobretudo que ia um pouco acima das canelas e percebia-se que estava sem calças. Usava um óculos de fantasia. Aqueles com um nariz e um bigode.Também olhei fixamente pra ele. Antes, conferi se não havia nenhum câmera de televisão por perto. Mesmo que eu já esperasse alguma surpresa, levei um susto quando ele abriu o casaco. Olhei de baixo para cima. Usava apenas um tapa-sexo onde estava escrito “Hoje é dia de sexo” ou “Aulas de sexo”, algo assim. Dei uma boa risada e depois fiquei sem graça. Continuei andando. Mais a frente, um indivíduo com uma filmadora. Acho que fui registrada!

Cheguei ao meu destino, um banco vazio! Vários casais, alguns mendigos. Cheiro de yakissoba. Pouca luz. O dia estava indo embora mas aquele vento, ah, aquele vento!Continuava a bater no meu rosto, no rosto de todos nós, balançando saias e vestidos, blusas largas.

Um momento de distração e lágrimas rolaram pelo meu rosto. E uma voz dizia: não precisa disso! Me acalmou. E como se encerrasse um telefonema, encerrei as lágrimas.

Veio, então, um palhaço. Posso jurar que apareceu, do nada, na minha frente.Fez umas mímicas confusas e entendi que queria comer. Quando fiz cara de quem não estava entendendo nada, ele fez um sinal para esperar, algo como: fica calma, vou te mostrar algo. Então, tirou uma flor de plástico do chapéu e me deu. Abri um sorriso muito grande e muito sincero e ele retribui, também, com muita sinceridade. Depois fez mais mímica e dessa vez entendi perfeitamente, pois ele tirou o chapéu colorido a apontou pra ele. Dei algumas moedas. Ele juntou as duas mãos e fez uma reverência, eu o imitei. Aí ele disse “obrigada!” e foi-se embora. Fiquei sorrindo um bom tempo.Como aquele palhaço apareceu ali, naquela rua sem ninguém? Com certeza estava me procurando. Queria roubar um sorriso.

Hora de voltar, não tem nada aqui.Dez, quinze minutos. Cadê o ônibus? Cheiro de fritura... Batata frita de rua! Comi como se fosse um banquete. E nem estava com fome!

De volta pra casa, noite boa. De longe eu ouvia... “Help, I need somebody. Help!...”Achei estranho.

Ao abrir a janela do meu quarto, senti aquele vento, ah, aquele vento.

Cheiro de chuva!Sorri de novo.

2 comentários:

  1. Cau, parece que você está apaixonada. Sorte! E fortaleza!

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  2. Sabe, esse vento me fez lembrar quando tinha que pegar o metrô no Tietê e ir até a estação Saúde pra depois ir até SBC pra minha faculdade. Depois na volta, da Saúde para Santana. Levava quase 2 horas pra ir e mais 2 pra voltar. Mas o que era estranho era que eu gostava de sentir esse tal vento que bate na gente quando o metrô chega. Eu sempre ficava nos últimos vagões só pra sentir o metrô todo passar e com ele me trazer o vento. Eu só fechava os olhos e sentia uma grande benção.

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Comentários.

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