segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Analuz retorna para a capital.

Há tanto tempo Analuz não via sua família e seus amigos e agora finalmente retornava. Carregava consigo toda a bagagem que a vida fora de sua cidade natal havia lhe proporcionado. Estava ansiosa. Sabia, porém, que não entraria em choque quando se colocasse lado a lado as realidades diferentes que agora separavam ela de seus familiares e amigos.

Ao chegar na capital, Analuz deu um salto de exclamação! Aquela cidade não a pertencia e nunca a pertenceu.  Tantas pessoas juntas andando cada uma dentro de suas bolhas – quando se esbarravam, nada de diferença fazia.  O silêncio era ensurdecedor. Só se ouvia o barulho de cada bolha se locomovendo pelos corredores da estação. E quantos corredores. Essa cidade cresceu. Mas não é um sinônimo de progresso.

Analuz de repente percebe o que aconteceu. Esse individualismo enraizou-se no coração dos homens que andam depressa – sem rumo, acreditava ela. Mas ela achou que esse fenômeno não fosse afetá-la.

Mas Analuz percebeu que todos estavam contagiados por essa doença.

 

 

E cada um se foi, seguindo distintos caminhos. E cada um se foi preocupado com seu próprio caminho. Que pena deles. Quando um caminho se cruzar com o outro, não saberão como agir, o que fazer. Será o caos. Ninguém saberá lidar com a experiência do outro, causando assim, uma imensa discórdia universal.

 

 

Precisou de um tempo pra que Analuz percebesse que  a doença do individualismo estava enraizada até nas pessoas mais próximas dela…

Era horário de verão, hora do chá no jardim provinciano. Estavam todos reunidos. Para quê eu não sei. Mas parecia que o propósito era unir pessoas queridas que não se viam há muito para uma conversa descompromissada naquela tarde de chá. E tudo corria harmoniosamente bem quando Analuz teve um colapso! Ela percebeu, em instantes de segundo, que estava se sentindo perdida naquele mundo tão individualista, pois tinha sua própria bolha mas algo a dizia, naquele momento que a deveria perfurar, sair, abraçar as pessoas, gritar até ficar sem voz.

Analuz percebeu que todos ali, cada um dentro da sua própria bolha, achavam que, unidos por uma causa comum, estariam furando suas bolhas também. Mas não. O egoísmo, quando é forte, só engrossa mais a capa da bolha. E foi assim que Analuz viu que as pessoas, até as mais próximas, estão regadas de egoísmo. Andam cada uma dentro de suas próprias bolhas no meio de todos para simplesmente se sentirem como parte do todo, como se não fossem egoístas o suficiente para estarem ali na multidão. Mas de nada adiantava . O retorno à capital foi para Analuz uma maravilhosa descoberta e foi também um alerta: o egoísmo era o novo nazismo da nação.

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